O mundo está preparado para Dietland?

Joy Nash as Plum Kettle, Julianna Margulies as Kitty - Dietland _ Season 1, Gallery - Photo Credit: Erik Madigan Heck/AMChttp://www.arrobanerd.com.br/dietland-estreia-brasil-amazon-prime-video-junho/

Essa era a pergunta que eu me fazia enquanto assistia o sexto episódio da primeira temporada dessa nova série, será que o mundo está preparado para Dietland?

Meu amigo Marlon me indicou semana passada, e já no primeiro episódio percebi que o que estava diante dos meus olhos era devastador, difícil de olhar, senti algo parecido ao ver The Handmad’s Tale. Mas no caso de Dietland ainda não sei qual será a reação do público, pois como eu sempre digo: a gorda é a última na fila da sua empatia.

Dietland resenha

E Dietland gira em torno da Plum, uma mulher gorda, retraída em todos os sentidos, profissional, pessoal, social… e ela está ali, uma bomba prestes a explodir, só precisando de alguém que acelere esse processo. O que acontece com um mundo muito parecido com o nosso, se apresentando para ela. Só que na série, temos um algo a mais, a revolução feminista não é liberal e nutella como a que se  apresenta na nossa realidade, há um grupo terrorista, o JENNIFER.

Estava na dúvida se esperava terminar a temporada para indicar e falar de Dietland, mas o sexto episódio despertou em mim a vontade de escrever, gritar, urrar para o mundo o que essa série representa para nós mulheres.

Exatamente, a série é para todas, a gorda, por mais chocante que possa parecer, é a principal, mas as mulheres estão todas ali e temos que encarar a cada cena, a cada episódio, a dura face da opressão, do padrão de beleza emburrecedor, massacrante, do machismo e tudo que ele representa: Cultura de estupro, pedofilia, ódio as mulheres, animalização e segregação da segunda categoria de seres humanos, que somos ainda nós, as mulheres.

E cuidado, a série pode ser gatilho para muitas. Para mim foi duro encarar algumas partes, mas sempre é útil, sempre me fortalece e me prepara pra luta.

E com tudo isso, a gente acaba até simpatizando com o JENNIFER, grupo terrorista misândrico (nunca pensei em escrever sobre isso), ainda não consigo imaginar na vida real a possibilidade de mulheres se unirem e literalmente pegarem em armas pra revidar. Mas sobre essa parte da série, ainda não estou certa do que pensar. Só sei que a série de mortes de pedófilos e estupradores que o JENNIFER promove em Dietland, causa na sociedade, principalmente nas mulheres, um despertar que já passa da hora de acontecer aqui, no mundo.

E essa série maravilhosa vai além da crítica as dietas, a gordofobia que é tratada abertamente. Ela põe o dedo em varias feridas, desde a bariátrica como solução estética a toda rejeição social que a gorda passa dia após dia, seja ela empoderada ou não. Pois o diabo está nos outros, não adianta você mudar se o mundo ainda te enxerga como uma aberração.

E para deixar a série ainda mais interessante a vilã (até agora), é nossa amada The GOOD WIFE, Julianna Marguiles. Que está arrasadora na pele de uma editora de revista de moda nos moldes das piores que temos por aí, opressora, alienante e condescende, como uma publicação para o público feminino costuma ser.



Importante dizer que a série é inspirada no livro de mesmo nome, da escritora Sarai Walker, que lançado em 2015, é best-seller, e também um relato muito pessoal da jornada da autora.

A série com 10 episódios que serão exibidos semanalmente acompanha Plum Kettle (Nash), editora ghost-writer de uma das revistas de moda mais badaladas da cidade que sofre para se se aceitar como é. Enquanto ela trabalha respondendo cartas da editora-chefe Kitty Montgomery (Margulies) em meio de exercícios, dietas e academia começam a pipocar notícias em todos os lugares sobre homens acusados de assédio sexual e estupro que estão desaparecendo e sendo encontrados mortos com sinais de extrema violência. (retirado de ArrobaNerd)

Dietland é super nova, estreou no Brasil dia 4 de junho e é distribuída por aqui pelo stream da Amazon (não tem na Netflix bebê). Mas quem quiser uma série instigante, que te faz pensar a mil por hora a cada instante, deve sair da comodidade e caçar essa série o mais rápido possível.

Resumindo, assista se você é gorda e empoderada para ver todo o caminho que você já trilhou, se você é gorda e ainda não chegou lá assista também POR FAVOR. Se você é mulher e está nos padrões e acha que está tudo bem na sociedade, que avançamos muito, amiga, você precisa mesmo assistir. E se você é homem, bem, você assista para o senhor se situar da merda que é um planeta ainda comandado por vocês.

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Helena Sá

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A Garota Rosa Choque, treinadora de unicórnios, adora colorir a pele e os cabelos. Humana do Jimmy, canceriana em sol e ascendente. Don’t cal me flor, amor, querida...

Comments

  1. […] No Facebook algumas pessoas indicaram O Bosque, mas acabaram não enviando a resenha a tempo. Sharp Objects também foi bastante indicada no Instagram, tanto que aqui entra com duas indicações, uma de Fefê Maia e uma de Ana Paula Fernnandes. Taby, do Taby Says, falou de Anne with an E; e Helena, do Garotas Rosa Choque, falou sobre Dietland. Inclusive no blog dela tem uma resenha muito legal sobre a série no post O mundo está preparado para Dietland?. […]

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